O nosso simbolo...

Daniela Russo

Sendo principio básico e essencial da educação especial considerar a personalidade como um todo que envolve a percepção, cognição, emoção, motivação e socialização, não devemos centrar-nos apenas na incapacidade de determinados indivíduos, considerados com Necessidades Educativas Especiais, mas sim minimizar essas incapacidades para que possam fazer um percurso escolar e social o menos limitado possível e num meio o menos restritivo possível, como preconiza a Declaração de Salamanca (1994).
As Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC proporcionam múltiplas funcionalidades às pessoas com incapacidades e que requerem uma atenção especial, facilitando a comunicação, o acesso à informação, o desenvolvimento cognitivo com a realização de todo o tipo de aprendizagens.
O uso das TIC, só por si, é vantajoso, todavia não devemos descuidar a componente pedagógica que deverá incluir um objectivo que o hardware ou software seja um meio para atingir esse fim e não um fim em si. Como refere Sanches (1991), o computador encoraja a autonomia, estimula o trabalho da criança e favorece a aprendizagem.
Cabe ao professor “criar meios para favorecer a interacção máquina/criança “proporcionando verdadeiros actos de comunicação real”. O professor deve adaptar os programas às necessidades e possibilidades de cada criança e personalizar as sessões de trabalho, “fazendo-as sentir como um verdadeiro interlocutor válido, real e individualizado” Sanches (1991).
As TIC permitem ainda a adaptação e autonomia no meio envolvente, como instrumentos de trabalho e como instrumentos de lazer.
Numa “Era Tecnológica”, como já referem muitos autores, a escola tem que adaptar-se às novas exigências, quer das próprias tecnologias, que se impõem, quer ao nível da legislação sobre a inclusão de todo o tipo de alunos na escola regular. Essa inclusão terá obrigatoriamente que incluir também tecnologias adequadas e eficazes no processo educativo, de comunicação e de socialização.
A relação entre o aluno e tecnologia tem vários níveis consoante o nível de motricidade e cognição do aluno. Esta relação pode ser directa, em crianças com motricidade bem desenvolvidas, com NEE ou não, ou indirecta, onde se torna necessário um dispositivo que consiga estabelecer o contacto entre o indivíduo e a máquina.
Os interfaces, em termos de operacionalidade têm três aspectos a considerar, a qualidade e possibilidades do controlo, o conjunto das opções e o sistema de selecção.
O controlo e o sistema de selecção pode ainda dividir-se em duas categorias. Uma de selecção directa, em que o utilizador pode escolher e ter acesso directo seja através de comandos de voz, do dedo, da mão, do olho, ou de qualquer outro movimento do corpo. Ou uma selecção indirecta que implica a existência de passos intermédios nomeadamente como é exemplo o varrimento directo, como acontece no Software Escrita com Símbolos da Cnotinfor, entre outros.
Existem no mercado imensos produtos com as características específicas para cada software e hardware disponíveis.
Por sua vez, no caso do software podemos referir o SISTEMA PICTOGRÁFICO DE COMUNICAÇÃO – SPC
É um sistema de comunicação universal, de origem americana.
Foi concebido por Roxana Mayer Johnson, em 1981. Composto inicialmente por 700 símbolos e sendo ampliado posteriormente para aproximadamente 3200.
O SPC é um sistema gráfico visual que contém desenhos simples que se podem ir acrescentando conforme se julgue necessário.
A palavra escrita localiza-se acima de cada pictograma. Estão agrupados em 6 categorias correspondendo a cada uma delas, uma cor.
- Pessoas – amarelo
- Verbos – verde
- Adjectivos – azul
- Substantivos – laranja
- Diversos – branco
- Sociais – cor-de-rosa
Estes símbolos podem ser utilizados numa ajuda de comunicação temporária ou como parte permanente dum processo comunicativo. Houve a preocupação em criar símbolos adequados a todos os níveis etários.
“Para além dos meios materiais, é o factor humano que determinará o sucesso da introdução, reforço e utilização dos meios tecnológicos de informação e comunicação no ensino” è necessário portanto eu os professores e educadores estejam sensibilizados e sobretudo tenham adquirido competências e conhecimentos capazes de responder às novas exigências da escola, “tanto mais que a heterogeneidade do público-alvo (os alunos com NEE) é grande”. Correia (1999)
Não devemos esquecer a importância do envolvimento dos professores e dos profissionais de apoio às NEE no processo de desenvolvimento de políticas, de estruturas de provisão e mesmo da tecnologia que influencia o seu trabalho com os alunos com necessidades educativas especiais.

Daniela Russo